terça-feira, 13 de setembro de 2011

História da viola

História da viola
Publicado por Zé Caipira na categoria A Música Caipira

Trazida para o Brasil pelas mãos dos jesuítas portugueses no final do século 16, a viola teve participação especial como instrumento de catequisação dos Índios. Ganhou território, percorreu estradas no lombo de burros e mulas, conquistou corações e foi instrumento fundamental na construção da cultura caipira. Foi um casamento perfeito, o caipira e a viola.

De origem portuguesa, a viola nas terras do além-mar era conhecida com o nome de Braguesa por ter surgido na cidade de Braga. Desde o início apresentava um conjunto de 5 pares de cordas. No Brasil é conhecida por vários nomes, como, viola caipira, viola sertaneja, viola cabocla, viola de dez cordas ou viola de arame.

O caipira logo se identificou com aquele instrumento de som metálico, menor que o violão e com a cintura de suas curvas mais acentuada. No início as cordas da viola eram feitas de tripa de animal, posteriormente o caipira começou a tocar viola com cordas de arame. Uma das características mais marcantes da viola é sua livre afinação. Ivan Vilela, violeiro, pesquisador e professor universitário de viola, diz que no Brasil existem entre vinte e vinte e cinco tipos de afinação para a viola. Dentre as mais conhecidas podemos destacar:

_ Cebolão: mi, mi/ si, si/ sol sustenido oitavado, sol sustenido/ mi oitavado, mi/ si oitavado, si. Esta é a afinação mais popular nas rodas de viola, ganhou este nome pois quando um violeiro tocava o som da viola era tão bonito que fazia a cabocla chorar de emoção.

_ Rio-Abaixo: ré, ré/ si, si/ sol oitavado, sol/ ré oitavado, ré/ sol, sol oitavada abaixo. Esta afinação é bastante presente no norte de Minas Gerais.

Tem também as afinações Boiadeira, Natural, Guitarra, Paraguassu, e tantas outras. No cenário caipira alguns artistas se dedicaram a um tipo de afinação, outros percorreram vários métodos nos braços da viola. Renato Andrade, violeiro dos mil acordes, tocava em várias afinações. Tião Carreiro foi fiel a afinação Cebolão. Almir Sater tem nas afinações Rio-Abaixo e Cebolão suas preferidas.

A incrível Helena Meirelles não sabia ao certo explicar qual o tipo de afinação que ela utilizava, “é um tipo da afinação Paraguassu, lá do Pantanal” dizia ela. Renato Teixeira, com seu tradicional bom humor, costuma dizer que o violeiro passa metade da vida tocando e a outra metade afinando a viola.

A fabricação da viola sempre foi uma arte, com capítulo a parte na história. A busca pelo instrumento com som perfeito sempre foi percorrida por vários profissionais artesãos, os chamados Luthiers. Hoje em dia o material mais utilizado na fabricação da viola são: lâminas de cedro na lateral, fundo e braço, jacarandá na escala e pinho no tampo.

No Mato Grosso existe a viola de cocho, que é esculpida em um tronco de madeira maciça. A primeira viola de Tinoco, na década de 1930, foi feita a canivete por um bugre, esculpida em tronco de árvore, com cordas de arame.

—–
Bibliografia
Nepomuceno, Rosa. Música Caipira: da roça ao rodeio. São Paulo: Ed. 34, 1999

Internet
http://www.violaxadrez.com.br
http://www.agencia.fapesp.br/materia/3265/entrevistas/pela-porta-da-frente.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário